Apneia do Sono – Riscos e Patologias Associadas

A apneia do sono é uma condição caracterizada por interrupções repetidas na respiração durante o sono, resultando em pausas que podem durar de alguns segundos (Hipopneia) a mais de um minuto (Apneia). Essas pausas, frequentemente seguidas de roncos (ressonar) ou sons de engasgamento, têm um impacto significativo na qualidade do sono e na saúde geral.

Existem dois tipos principais: a apneia obstrutiva do sono (AOS), a mais comum, causada pelo colapso das vias aéreas superiores, e a apneia central do sono (ACS), relacionada a falhas no controle respiratório pelo sistema nervoso central.


Fatores de Risco

Os principais fatores de risco para a apneia obstrutiva do sono incluem:

  • Obesidade: O excesso de peso, especialmente na região do pescoço, aumenta a pressão sobre as vias respiratórias, facilitando seu colapso.
  •  Idade: A prevalência aumenta com o envelhecimento, devido à perda de tônus muscular.
  • Género: Homens são mais propensos a desenvolver apneia do sono, embora o risco em mulheres aumente após a menopausa.
  • Histórico familiar: Há uma predisposição genética associada à anatomia das vias aéreas.
  • Uso de substâncias: O consumo de álcool, sedativos e tabaco pode agravar o
    problema, relaxando excessivamente os músculos das vias aéreas.

 

Sintomas

Os sintomas incluem: sonolência diurna excessiva, ronco (ressonar) alto, episódios de falta de ar durante o sono, fadiga, dificuldade de concentração, irritabilidade e, em casos mais graves, depressão. Estes sinais são muitas vezes negligenciados, sendo atribuídos ao cansaço ou ao
stress.


Complicações Associados à Apneia do Sono


A apneia do sono não tratada pode desencadear uma série de complicações de saúde, incluindo:

  1.  Doenças Cardiovasculares:
    • A repetida interrupção do fluxo de oxigénio causa picos de pressão arterial e aumenta o risco de hipertensão.
    • Está associada ao desenvolvimento de insuficiência cardíaca, arritmias, enfarte do miocárdio e AVC. A falta de oxigenação provoca uma resposta inflamatória que agrava essas condições.
  2. Hipertensão Arterial:
    • A estimulação contínua do sistema nervoso simpático eleva os níveis de pressão arterial, tanto durante o sono quanto durante o dia.
  3. Diabetes Tipo 2:
    • A apneia do sono está fortemente correlacionada à resistência à insulina. A privação de sono e o stress fisiológico aumentam os níveis de glicose, elevando o risco de desenvolver diabetes.
  4. Distúrbios Cognitivos e Neurológicos:
    • Pacientes com apneia podem apresentar perda de memória, dificuldade de concentração e problemas de raciocínio. O risco de desenvolver doenças neurodegenerativas, como a demência, também pode aumentar.
  5. Depressão e Ansiedade:
    • A privação de sono afeta o equilíbrio químico do cérebro, agravando ou desencadeando transtornos psiquiátricos. Pacientes com apneia são frequentemente diagnosticados com depressão ou ansiedade antes mesmo de descobrirem o problema respiratório.
  6. Acidentes e Lesões:
    • A sonolência diurna aumenta o risco de acidentes de trânsito e no trabalho, sendo a apneia um fator significativo em muitos desses casos. A redução da capacidade de reação e concentração pode ter consequências fatais.

 

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico é geralmente feito através da polissonografia, um exame que avalia várias funções durante o sono, como fluxo de ar, níveis de oxigénio, movimento torácico e atividade cerebral.

Em casos menos complexos, a oximetria noturna também pode ser utilizada.


O tratamento inclui:

  • Mudanças no estilo de vida:
    Perda de peso, cessação do tabaco e do álcool, e a prática regular de exercício físico.
  • Uso de CPAP (Continuous Positive Airway Pressure):
    Dispositivo que mantém as vias aéreas abertas através da pressão contínua de ar.
  • Cirurgias:
    Procedimentos para corrigir obstruções anatómicas, como a uvulopalatofaringoplastia.
  • Dispositivos orais:
    Usados para reposicionar a mandíbula e a língua durante o sono, facilitando a respiração.


Em suma, a apneia do sono é uma condição subdiagnosticada, mas com consequências graves para a
saúde. A sua identificação e tratamento são essenciais para melhorar a qualidade de vida, prevenir complicações cardiovasculares e metabólicas, e reduzir os riscos associados à sonolência diurna.

A sensibilização da população e dos profissionais de saúde é fundamental para o diagnóstico precoce e a gestão eficaz desta patologia.

Se identifica algum dos sintomas acima descritos consulte um profissional de saúde experiente para obter uma avaliação correta e compreender os próximos passos.

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